Foi apresentado estudos brasileiros sobre os efeitos dos anticoagulantes em pacientes positivos a Covid-19/Sars-CoV-2. Estudos demonstram que pacientes positivos a Covid-19 apresentam além dos sintomas respiratórios, quadros de trombose com a formação de coágulos em veias ou artérias dificultando a circulação do sangue.
O uso de anticoagulantes em pacientes internados é comum, porém outros quadros de saúde podem levar à trombose, tendo em vista que os hospitais estão acostumados a utilizar esses medicamentos. Os estudos indicam que, os hospitais/médicos, após a chegada da Covid-19, deverão se adequar quanto a dose a ser aplicada para cada paciente e doença.
A pergunta é: Qual a relação da trombose com a Covid-19?
A trombose é relativamente comum após a existência de uma infecção, como a malária, a febre hemorrágica e até a dengue, conforme explicação do cirurgião Dr. Marcelo Calil Burihan, da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).
O que se sabe é que os problemas vasculares estão entre os fatores de risco da Covid-19, segundo uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular com médicos associados.
Sabe-se que alguns pacientes com Covid-19 poderão apresentar trombose venosa ou embolia, dependendo de suas condições de saúde. Temos pacientes acometidos já na infecção da Covid-19 e outros 45 dias depois do diagnóstico inicial.
Nesses casos é comum o uso de anticoagulantes, e atualmente também são utilizados nos pacientes internados por Covid-19. Os médicos tem prescrito os anticoagulantes se notarem maior risco de entupimentos dos vasos sanguíneos, até porque pacientes internados tendem a não se mover, o que aumenta o risco de trombose.
Define-se a trombose como a formação de um coágulo sanguíneo (como uma massa um pouco sólida no sangue), em uma veia profunda do corpo, que em regra ocorre na parte inferior da perna, coxa ou na pelve.
A trombose em sua complicação mais grave caracteriza-se na chamada embolia pulmonar, em que o coágulo percorre os vasos sanguíneos do corpo, atingindo os pulmões, chegando em alguns casos a morte.
Em regra, a trombose atinge 1/3 dos pacientes com Covid-19 internados em UTI, pois a Covid-19 aumenta o risco de trombose, porque parece favorecer o surgimento de anormalidades na coagulação, facilitando a formação de coágulos, por meio de um mecanismo não conhecido.
De acordo com o Dr. Marcelo Calil Burihan, da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), a Covid-19 libera uma substância chamada citocina, que lesiona o endotélio (camada interna da veia ou artéria), onde se forma o coágulo, surgindo então a trombose.
Os coágulos podem ir para os pulmões, causando problemas respiratórios, porém são suposições que, após estudos, apontam que a inflamação apresentada pela Covid-19 nos pulmões provoca, por si só, insuficiência respiratória.
A trombose pode ser venosa ou arterial, de acordo com a parte da circulação sanguínea, em regra são os pacientes internados que desenvolvem a forma mais grave da doença, passando a ter até um comprometimento arterial.
Hoje a trombose venosa vem acontecendo em maior proporção em pessoas que se tratavam em casa quando acometidas de infecções menos agressivas.
Porém nem todos que apresentam trombose possuem problemas circulatórios anteriores, mas contam com idade entre 30 e 60 anos, ou seja, não são idosos. Os anticoagulantes estão sendo usados no tratamento se houver formação de trombos pulmonares.
De acordo com a OMS – Organização Mundial de Saúde, a trombose é um dos problemas cardiovasculares que mais mata no mundo.
Ainda há dúvidas a respeito da trombose em relação as varizes, ocorre que as varizes podem levar à trombose, mas não é uma regra. Variz é uma veia dilatada onde há circulação lenta de sangue, favorecendo a coagulação, que impede o fluxo sanguíneo que se caracteriza como trombose. Quem possui varizes nem sempre terá trombose, mas o risco será maior.
Não somente os idosos terão problemas de trombose, pois a trombose venosa, que acomete principalmente os membros inferiores, pode aparecer em jovens com idades entre 20 e 45 anos.
No caso do Covid 19, pode ocorrer uma hipercoagulação sanguínea, e para quem possuir problemas circulatórios deverá ficar mais atento.
A boa notícia é que apesar do risco de trombose ser uma condição grave, existem formas de prevenção e de tratamento, quando descoberta de forma precoce.
Hoje, através dos estudos já a indicação para a profilaxia farmacológica da trombose com anticoagulante em pacientes internados por Covid-19, salvo contraindicações. Porém pacientes que já fazem o uso de anticoagulantes não devem suspender a medicação, em caso de infecção pela Covid-19.
Assim, tendo testado positivo para a Covid-19, preste atenção aos sinais de trombose, como dor, inchaço e vermelhidão na área de formação do coágulo, ou ainda, dificuldade de respirar, aceleração dos batimentos cardíacos, ou desconforto no peito com tosse ou inspiração profunda, tontura, desmaio e tosse com sangue, e apresentando-os, procure um médico imediatamente, quanto antes iniciar o tratamento, maiores são as chances de sucesso.
E, não se esqueça de prevenir a trombose, com medidas como:
- Evite a imobilização prolongada (ficar na cama por longos períodos por doença ou cirurgia). Se movimente!!!
- Em viagens longas, levante e caminhe a cada 3 horas;
- Movimente as pernas se estiver sentado;
- Quando houver indicação médica utilize roupas largas ou meias elásticas compressivas;
- Adote um estilo de vida mais saudável, evitando o sedentarismo e mantendo hábitos saudáveis.